Os pesquisadores Thomas Anderson da Universidade de Toronto e Rotem Petranker da Universidade de York, no Canadá, descobriram recentemente que microdoses de psilocibina melhoram e amplificam e criatividade.
Em um estudo inédito, foram analisados os efeitos e resultados do microdosamento de cogumelos.
Eles são capazes de contribuir com o aumento do pensamento criativo, melhoram o humor e até aprimoram as funções cognitivas.
Eles compararam pessoas que ingerem quantidades muito pequenas da substância com pessoas que não a utilizam e descobriram que os usuários tinham pontuações melhores em diversas medidas de saúde mental e bem-estar.
Especificamente, os adeptos das microdoses pontuaram mais em sabedoria, mente aberta e criatividade.
Eles também tinham menos atitudes disfuncionais e emoções negativas, o que é muito promissor para a ciência clínica.
Se você pensa que essa é uma pesquisa isolada, saiba que também na Holanda, pesquisadores da Universidade de Leiden, realizaram alguns testes e publicaram os resultados na revista Psychopharmacology.
De acordo com a pesquisa holandesa, as pequenas doses de psilocibina, encontrada nos cogumelos, afetou o funcionamento do cérebro de 36 pessoas que participaram do estudo.
Essas pessoas receberam uma dose única de 0,37g e, em seguida, foram convidadas a desvendar três enigmas.
Ainda que os estudos da microdose envolvam a ingestão diária para a obtenção de efeitos cumulativos, os pesquisadores afirmaram que este estudo especificamente foi realizado para ver mudanças sutis e não muito profundas nos participantes.
Mudanças sutis, não alucinações
O que significa usar microdoses?
Geralmente, tomar de 0,1 a 0,3 gramas de cogumelos contendo psilocibina, a microdosagem implica uma dose tão baixa que o indivíduo experimenta apenas mudanças sutis de percepção, não alucinações.
Ou seja, a pessoa não “viaja” com uma microdose; apenas vive o seu dia normalmente, incluindo estudar, trabalhar ou cuidar da casa.
Método
O que os pesquisadores fizeram foi investigar as experiências de pessoas que já utilizam microdoses, através de questionários. Os participantes foram recrutados online e interrogados sobre seus padrões de microdosagem e sua saúde mental.
Segundo os pesquisadores, para melhores resultados, o ideal seria fazer um ensaio clínico randomizado controlado por placebo para determinar definitivamente os efeitos da microdosagem.
Resultados
Em ambas as pesquisas, os cientistas descobriram que os usuários de microdoses pontuam mais em “sabedoria” do que os não usuários.
No contexto deste estudo, “sabedoria” implicava considerar múltiplas perspectivas, aprender com os erros, estar em sintonia com as emoções e as pessoas e sentir um senso de conexão.
Foi analisado que eles também eram mais criativos e abertos.
A criatividade, neste caso, significava encontrar usos incomuns para objetos comuns, uma medida bem validada do pensamento divergente, embora certamente não seja a única.
Além disso, os participantes se tornaram mais capacitados a criarem soluções alternativas e mais inovadoras para um problema, fornecendo assim suporte preliminar para a suposição de que a microdosagem melhora o pensamento divergente.
Também foi observado uma melhora no pensamento convergente, ou seja, um aumento do desempenho em uma tarefa que requer a convergência em uma única solução correta ou melhor.
Adeptos das microdoses também pontuaram menos em medidas de atitudes disfuncionais e emoções negativas (também conhecidas como neuroticismo).
Atitudes disfuncionais são crenças como: “meu valor como pessoa depende muito do que os outros pensam de mim”. A alta emotividade negativa significa uma maior probabilidade de ter um transtorno de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Próximos passos
De acordo com a dupla canadense, a pesquisa é promissora para a ciência clínica, mas experimentos controlados de laboratório são necessários para testar sua segurança e eficácia.
As descobertas serão publicadas em breve na revista cientifica Pharmacology. [TheConversation]
Já para a dupla holandesa, a ideia é estudar os efeitos terapêuticos do cogumelo também em áreas que vão além da criatividade e da cognição. Inclusive, Prochzkova explica, por exemplo, que a substância é útil para pessoas que tratam padrões rígidos de comportamento, como indivíduos que têm transtorno obsessivo-compulsivo.
Em conclusão, esses estudos são novos e é preciso de mais testes e pesquisas para complementar as descobertas. De qualquer forma, é muito interessante entender que o uso medicinal de algumas substâncias pode trazer benefícios – o próprio cogumelo já foi testado em outros momentos para aliviar os sintomas da depressão e outros tipos de doença mental, sabia?
Fontes: Hypescience, Megacurioso
Leia mais: O futuro é ontem, Coachs, motivação e mudança de carreira, Vale do Silício, microdose e produtividade, Psilocibina: aliada no combate à depressão, vícios e ansiedade, Cérebro hiperconectado e disposição, Cogumelos ajudam a parar de fumar?, Psilocibina pode tratar e combater depressão e ansiedade, Psilocibina – A substância mais segura do mundo, Cogumelos passam em 1º teste de tratamento para depressão.