Maria Sabina foi uma das xamãs mais famosas de todos os tempos. Índia da etnia mazateca (proveniente da região de Oaxaca no México) seu povo realiza rituais com cogumelos sagrados desde tempos remotos.
A vida desta mulher foi incomum: viveu 91 anos e, tendo sido a primeira xamã nativa a permitir estrangeiros em seus rituais, acabou despertando interesse mundial.
Conta-se que suas “veladas” (rituais com ingestão de cogumelo) podem ter sido frequentadas por astros do rock como Bob Dylan, Mick Jagger, Keith Richards e Pete Townshend (The Who).
A História de Maria Sabina
Maria Sabina nasceu em 1894 no povoado de Hualtla de Jimenez, província de Oaxaca, proveniente de uma família de xamãs e curandeiros, perdeu o pai aos 3 anos, casou-se duas vezes e ficou viúva dos dois (o segundo marido foi morto pelos próprios filhos após descobrirem um caso extraconjugal).
Iniciou o ofício como xamã aos 20, utilizando os cogumelos mágicos (chamados por ela de “crianças sagradas”) para descobrir curar doenças e fazer predições (a mais famosa foi a previsão correta da morte do ex-prefeito de Hualtla, Erasto Pineda).
Na década de 50 ela foi assunto de uma reportagem da revista Life, chamando atenção pela primeira vez fora do México.
Seus cogumelos foram levados para o químico Albert Hoffman, o descobridor do LSD, que logo isolou o seu princípio ativo, a psilocibina.
Com a ascensão da cultura hippie nos anos 60 as “levadas” de Maria Sabina passaram a ser cada vez mais cultuadas, atraindo peregrinações de pessoas vindas do mundo todo interessadas nos rituais com cogumelos sagrados, na poderosa poesia dos cânticos da curandeira e em seu grande carisma.
Porém, nessa mesma década as autoridades mexicanas classificaram os cogumelos como narcóticos e a curandeira passou por uma fase difícil:teve a casa revistada e foi levada de carro com todos os pertences encontrados em sua cabana, embora tenha sido rapidamente liberada.
Sua vida voltou ao normal depois, mas os visitantes estrangeiros e hippies mexicanos tiveram admissão proibida na comunidade ao final da década de 70. Maria Sabina morreu pobre em 1986
Seu legado, porém, está bastante vivo, sendo bastante cultuada no México e no mundo.
“Maria Sabina é considerada uma pessoa sagrada em Huautla e sua história é conhecida não só no México como em todo o mundo. “Era uma poetisa oral dona de uma técnica literária e carisma pessoal e profissional claramente desenvolvidos através um trabalho artesanal de longo prazo.” declarou Henry Munn, um cunhado americano da xamã. Alguns destes cânticos estão descritos no livro “A vida de Maria Sabina: a sábia dos cogumelos” de Álvaro Estrada, editado no Brasil pela editora Martins Fontes.
O epitáfio em sua lápide diz: “Aqui jazem os restos de uma mulher Mazateca que, com sua sabedoria, era admirada por ela mesma e por estranhos”.