Os terapeutas estão retomando suas pesquisas com o LSD e o Ecstasy, décadas após serem banidos
A princípio, a criação do LSD aconteceu por acaso, em 16 de novembro de 1938, Albert Hoffmann, químico, trabalhando na empresa Sandoz Pharmaceuticals, estava tentando criar um estimulante, quando no lugar desse, sintetizou dietilamida do ácido lisérgico (LSD).
A substância foi testada em animais e logo após deixada de lado por cinco anos afinal não a intenção da Sandoz ter criado a substância.
Posteriormente, Hoffmann voltou a trabalhar com o LSD e acidentalmente absorveu uma pequena quantidade que deixou cair na ponta dos dedos, logo se iniciou uma experiência que mudaria radicalmente sua consciência.
Logo após continuar experimentando, ele concluiu que a droga poderia ser utilizada para o uso psicoterapêutico, então a Sandoz começou a enviar doses de LSD entre outros psicodélicos como a psilocibina para estudos e testes em universidade s e clínicas de todo o mundo.
Timothy Leary e o início da proibição dos psicodélicos
Assim se iniciou uma década promissora de pesquisas, levando a um avanço no entendimento da neuroquímica do cérebro e maior compreensão de como os terapeutas podem tratar doenças mentais.
Em 1960, a Sandoz enviou amostras para um psicólogo em Harvard chamado Timothy Leary, a história a partir desse ponto vocês provavelmente já conhecem, em uma década o LSD se tornou ilegal em boa parte do mundo, e a pesquisa, apesar de seus antigos resultados positivos, foi encerrada. Somente agora, 50 anos depois de o LSD ter sido banido, os psicodélicos estão retornando com força total.
Cada vez mais adeptos dos psicodélicos estão surgindo e as pesquisas ganhando cada dia mais força. Até os engenheiros do Vale do Silício estão aderindo ao uso de microdoses de LSD durante o trabalho como uma alternativa ao Adderall.
Organizações religiosas estão tendo seu uso de psicodélicos permitido pelas leis e o mais importante, o FDA e o DEA estão aprovando estudo psicodélicos pela primeira vez em décadas, permitindo pesquisas para examinar a eficácia das substâncias em tratar pacientes com doenças mentais, de ansiedade, depressão e outros vícios.
A descoberta do potencial das substâncias
Posteriormente a descoberta acidental de Hoffmann, os anos que se seguiram foram conhecidos como “A Era Dourada” da pesquisa psicodélica. Mais de 40.000 pacientes foram testados com LSD entre 1950 e 1965, e mais de mil artigos científicos foram publicados.
Hofmann passou a dedicar sua vida ao estudo do LSD ingerindo também pequenas doses todos os dias durante os últimos vinte anos de sua vida, morrendo em 2008 com 102 anos.
Ainda que muitos dos antigos estudantes de psiquiatrias que faziam uso do LSD não tenham encontrado métodos padrões de metodologia, no entanto os testes produziram resultados positivos.
Inúmeros estudos sobre o tratamento da depressão, vícios e traumas concluíram que o LSD se mostrou eficaz até em casos onde drogas e outras terapias não tiveram sucesso.
A experiência com psicodélicos
É sabido que nós, humanos, temos consumido substâncias alteradoras da consciência por toda a história.
Muitas produzem um estado de consciência que é chamado de “experiência psicodélica” mas também podem incluir aumento nos sentidos e emoções; sensação de experimentar o terror, nascimento, morte, memórias reprimidas ou um senso de profundo entendimento sobra a nossa existência.
Muitos pesquisadores sabem que os benefícios terapêuticos dessas substâncias são inegáveis mas a natureza imprevisível da experiência psicodélica e o estigma do uso recreacional da droga tem feito delas um problema.
O estigma sobre os psicodélicos e a ilegalidade
Foi em 1960, quando o Doutor Timothy Leary começou o Harvard Psilocybin Project para estudar os efeitos da psilocibina encontrado em cogumelos mágicos, que começaram os problemas, posteriormente em 1962 ele foi demitido, depois de ter sido descoberto administrando psicodélicos entre seus estudantes.
Leary começou a convocar jovens americanos a usar LSD e foi nessa época de grandes agitações sociais que o “ácido” escapou do laboratório e encontrou seu caminho nos ambientes mais improváveis como campus colegiais e shows de rock. Nesse mesmo período, começaram as experiências das psicoses trazidas pelas “bad trips” e também jovens que rebelavam-se não mais querendo participar da guerra no Vietnam.
FDA e o encerramento das pesquisas
Resultado, logo depois em 1966, o LSD foi tornado ilegal nos Estados Unidos, o FDA encerrou todas as pesquisas, e a Sandoz, que parou de distribuir e a terapia psicodélica, começou a distribuir a substância ilegalmente. Alguns terapeutas continuavam fornecendo LSD para seus pacientes, mantendo práticas ilegais. E o que surge logo após esse período? O MDMA, ou como é também conhecido, ecstasy.
O potencial terapêutico do MDMA
Primeiramente visto pela Marck Alemã no começo do século 20, o MDMA levou décadas antes de um humano tentar experimentar uma dose. Foi em 1976 que o químico farmacêutico da DOW, Alexander Shulgin, descobriu os efeitos do MDMA após sintetizar um lote da substância, testando 120 miligramas em si mesmo. “Eu me senti absolutamente limpo por dentro e não havia nada, apenas pura euforia. Eu nunca tinha me sentido tão bem ou acreditado que isso era possível” descreveu Alexander Shulgin em sua experiência.
Posteriormente, Shulgin compartilhou isso com o terapeuta Leo Zeff de San Francisco, que estava conduzindo uma terapia psicodélica ilegalmente. Zeff enviou doses para uma média de 4.000 terapeutas que distribuíram a substância para aproximadamente 200.000 pacientes nos anos 70 e começo dos anos 80.
Como antes com o LSD, o MDMA não se manteve no escuro por muito tempo, seu efeito eufórico e estimulante logo o tornou a droga ideal para festas.
O efeito das raves e festivais de música eletrônica
Logo as famosas raves e festivais de música eletrônica se tornaram grandes locais para compra e consumo desenfreado da substância fazendo com que casos de intoxicação logo começassem a aparecer em hospitais. Foi assim que surgiu o primeiro estudo científico reportando os efeitos neurotóxicos do MDMA.
O FDA e o DEA novamente proibiram a substância, apesar dos protestos dos terapeutas que adquiriram documentação substancial dos benefícios terapêuticos do MDMA. Foi considerado que a substância não teria uso aceitável na medicina e teria potencial para uso abusivo.
Atualmente, para conseguir a aprovação para estudos científicos com os psicodélicos, os pesquisadores devem enfrentar uma série de obstáculos e tabus.
A boa notícia é que nas últimas décadas o DEA e o FDA tem gradualmente permitido os estudos e os resultados tem sido positivos.
O estudo de 2006 no John Hopkin descobriu, por exemplo, que os cogumelos mágicos podem induzir experiências do tipo místicas, tendo uma significância espiritual para o indivíduo.
Já um estudo de 2008 revelou que 80% dos enfermos não mais foram qualificados com um diagnóstico de TEPT após uma sessão assistida de psicoterapia com MDMA.
Prontos ou não, os psicodélicos estão voltando com tudo!
Em março de 2015, Rick Doblin da Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (MAPS) disse que espera que o MDMA esteja disponível para prescrição em 2021.
Doblin tem sido um dos nomes mais importantes em estabelecer o MDMA, LSD e outros psicodélicos como ferramentas legítimas e efetivas na psicoterapia. A MAPS produziu estudos demonstrando que em doses baixas, o MDMA é “suficientemente seguro”.
Os estudos aprovados pelo FDA tem garantido que o uso do MDMA tem curado veteranos de guerra que retornaram do Iraque e Afeganistão, pacientes de câncer e pessoas lutando contra o vício e TEPT.
FONTE Ahmed Kabil
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